Pastor diz que suspenderá queima do Alcorão se a Casa Branca pedir
O pastor evangélico Terry Jones disse nesta quinta-feira que cancelará o seu Dia Internacional para a Queima do Alcorão se a Casa Branca fizer o pedido direto a ele. Os planos de queimar 200 cópias do livro sagrado do islamismo, religião que Jones considera um perigo mundial, atraiu duras críticas de Washington e o próprio presidente Barack Obama pediu mais cedo na televisão que ele desistisse do "ato destrutivo".
Jones, líder da pequena igreja evangélica Dove World Outreach Center, na cidade de Gainesville, disse ao jornal "USA Today" que não foi contatado pela Casa Branca, Pentágono ou Departamento de Estado sobre seu projeto de transformar o 11 de setembro em uma data anual de protesto contra o islamismo. Se fosse contatado, afirmou ao jornal, "definitivamente voltaria a pensar". "Isto é o que nós estamos fazendo agora. Não acho que uma chamada deles seja algo que queiramos ignorar."
Jones protagoniza há anos uma dura campanha contra o islamismo, que rendeu até mesmo o livro "Islam Is of the Devil" ("Islã É do Demônio", em tradução livre). Nele, Jones conta que a religião islâmica é um risco à liberdade de todas as nações e tem como preceito a opressão e a violência. Sua causa, contudo, ganhou o mundo após começar a divulgar na internet a proposta para a data anual de queima do Alcorão e levou o alto escalão dos Estados Unidos a reagir.
Karen Bleier/AFP
Jornalista assista vídeo do pastor Terry Jones, que já admite desistir da idéia, se EUA pedirem
Jornalista assista vídeo do pastor Terry Jones, que já admite desistir da idéia, se EUA pedirem
Mais cedo, em entrevista ao programa da rede ABC "Good Morning America", Obama criticou os planos do pastor Jones e disse que o evento servirá como uma "bonança para o recrutamento" de terroristas pela Al Qaeda.
Obama pediu ainda a Jones que ouça "os melhores anjos" e cancele a campanha prevista para o próximo sábado, exatos nove anos após os atentados terroristas em Nova York e Washington.
"Se ele estiver ouvindo, eu espero que entenda que o que ele está propondo fazer é completamente contrário aos nossos valores como americanos", disse Obama. "Este país é construído na noção de liberdade e tolerância religiosa", continuou o presidente.
"Eu apenas quero que ele entenda que esta pegadinha que ele está planejando pode colocar em grande risco nossos homens e mulheres de uniforme", defendeu Obama, repetindo argumento do general David Petraeus, comandante das tropas internacionais no Afeganistão.
"Olhe, isto é uma bonança para o recrutamento da Al Qaeda. [...] Se o plano for realizado, pode servir de incentivo para indivíduos terroristas se explodirem para matar outros", alertou Obama, em um tom mais direto do que costuma usar em questões nacionais. "Eu espero que ele ouça aqueles melhores anjos e entenda que isto é um ato destrutivo."
A reação de Obama é apenas a mais recente entre o alto escalão em Washington. Nesta terça-feira, a Casa Branca declarou publicamente estar preocupada com a queima do Alcorão e alertou que o projeto coloca em risco as tropas americanas no Afeganistão e pode ser usada por terroristas como campanha contra os EUA. As críticas vieram também do chefe da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen, da secretária de Estado, Hillary Clinton, e do secretário de Justiça, Eric Holder. A lista de críticos inclui ainda a Índia, o Vaticano e a Liga Árabe.
Por enquanto, o pastor soube aproveitar as críticas para levar sua campanha à imprensa. Com entrevistas para os principais jornais e canais de TV americanos, a polêmica de Jones virou assunto de debate entre os americanos.
Jones disse anteriormente que entende os protestos, mas defende estar protegido pela Primeira Emenda da Constituição, que garante a liberdade de expressão. Ele afirmou que os EUA "enfrentam um inimigo com o qual não se pode dialogar e ao qual deve se mostrar força" e nem mesmo as mais de cem ameaças de morte que diz ter recebido desde julho passado parecem intimidá-lo. Por via das dúvidas, começou a usar uma pistola calibre 40 na cintura, até mesmo durante os sermões.
Artigo retirado de http://www1.folha.uol.com.br/mundo/796108-pastor-diz-que-suspendera-queima-do-alcorao-se-a-casa-branca-pedir.shtml acessado em: 09/09/2010
Comentário
O mínimo que deveriamos esperar no ano 2010 é um mínimo de respeito entre as religiões, saber separar o que é política, o que é religião e o que é farsa.
Infelizmente ainda presenciamos este tipo de atitude ignorante. O respeito entre as diferentes religiões é o início de um mundo menos violento.
Esperamos que atitudes como essa não tenham grande repercussão mundial.
SALAM significa PAZ
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